Alessio Crissantemi, editor da Gioco News, uma revista italiana de jogos, moderou uma discuss?o sobre as mudan?as recentes e as reformas iminentes no mercado de jogos on-line da Itália, durante um workshop sobre o mercado italiano promovido pelo GiocoNews.it e IGE, realizado no Hotel Excelsior como parte da Semana de Malta. A conversa contou com as contribui??es de Stefano Spordoni, especialista jurídico em direito de jogos italiano e fundador da Sbordoni & Partners; Barbara Beltrami, Diretora de País da Kindred Group na Itália; e Stefano Tino, Diretor Executivo da Betsson Group para a Itália.
Dinamica de mercado e mudan?as regulatórias
Nos últimos anos, o mercado de jogos da Itália tem enfrentado mudan?as regulatórias significativas, com severas proibi??es de publicidade e novas regras impactando tanto operadores estabelecidos quanto emergentes. à medida que a indústria lida com essas mudan?as, discuss?es entre os principais envolvidos destacam os desafios urgentes e os possíveis caminhos a seguir.
O governo italiano está implementando reformas significativas no mercado de jogos on-line, introduzindo uma nova estrutura de licenciamento. A licita??o prevista para o início do próximo ano visa simplificar o quadro de operadores, com ênfase na promo??o de empresas maiores e mais estáveis, capazes de fazer investimentos substanciais e garantir a conformidade regulatória. Barbara Beltrami observou que essa abordagem está alinhada com o desejo da Itália de um mercado de jogos mais seguro e respeitável, embora possa restringir o acesso de empresas menores.
Convergência dos mercados on-line e físico
Um tema central foi a crescente integra??o das opera??es de jogos on-line e físico. Historicamente, as empresas de jogos italianas estavam divididas entre operadores puramente on-line e físicos, com pouca sobreposi??o. No entanto, as tendências recentes do mercado, aceleradas pela pandemia de COVID-19 e pela proibi??o de publicidade dos jogos on-line, levaram os operadores presenciais a expandir sua presen?a digital. Essa mudan?a aproximou os operadores tradicionais dos operadores on-line, borrando a linha entre os dois segmentos de mercado.
Proibi??o de publicidade e adapta??o do mercado?
A proibi??o de publicidade na Itália, embora inicialmente desafiadora, estimulou os operadores a desenvolver estratégias criativas de marca. Stefano Tino destacou que a proibi??o levou as empresas a se concentrarem na identidade da marca em vez de promo??es, elevando a imagem das marcas dos operadores de jogos on-line. Ambos os painelistas concordaram que, apesar dos desafios, as restri??es empurraram o mercado para uma estratégia de marca mais sustentável e reconhecível.
Para os novos operadores, entrar no mercado de jogos da Itália pode ser desafiador, já que eles lutam para estabelecer sua presen?a no meio das rigorosas restri??es publicitárias.
Embora alguns operadores tenham encontrado maneiras de trabalhar dentro desses limites, existe um consenso geral de que a proibi??o precisa ser reavaliada, explicou Barbara.
Muitos na indústria sugerem que uma abordagem mais equilibrada para a regula??o da publicidade poderia ser benéfica, onde o branding responsável seria permitido, mas a promo??o excessiva de b?nus seria limitada. Dar aos operadores a capacidade de anunciar de maneira responsável ajudaria a alinhar a indústria aos objetivos de prote??o ao consumidor sem comprometer a competitividade do mercado.
Prote??o ao consumidor vs. restri??es de mercado?
Embora a inten??o por trás da proibi??o de publicidade da Itália seja proteger os consumidores de práticas de marketing potencialmente exploradoras, alguns na indústria questionam sua eficácia. Estatísticas indicam um aumento no tráfego para sites de jogos n?o regulamentados (dot-com), mostrando que a proibi??o pode, inadvertidamente, direcionar os consumidores para operadores n?o regulamentados. Stefano Tino afirmou que: “Se o objetivo é proteger os consumidores, a proibi??o atual pode, na verdade, prejudicar esse objetivo ao empurrar os consumidores para sites sem o mesmo nível de prote??o ao consumidor.”
Os operadores regulamentados na Itália, por lei, oferecem limites obrigatórios de depósito, op??es de autoexclus?o e relatam comportamentos dos clientes aos reguladores, o que promove práticas de jogo responsável. No entanto, as rígidas restri??es à publicidade limitam sua capacidade de destacar essas salvaguardas, dificultando para os consumidores a distin??o entre sites legais e regulamentados e alternativas n?o regulamentadas, que podem ser arriscadas.
Apelo por clareza regulatória?
A falta de clareza regulatória tem sido uma quest?o de longa data no setor de jogos da Itália. Veteranos da indústria lembram de várias ocasi?es em que instru??es conflitantes de órg?os reguladores criaram confus?o e dificultaram as opera??es comerciais. “Operadores e reguladores muitas vezes parecem falar línguas diferentes, resultando em mal-entendidos e atrasos”, explicou Stefano Sbordoni. Esse descompasso pode ser especialmente frustrante para operadores que tentam cumprir regras que, às vezes, carecem da especificidade necessária para uma aplica??o consistente.
Uma abordagem bem definida e orientada por dados para a regulamenta??o, combinada com uma comunica??o clara e consistente entre as autoridades e os operadores, é essencial. Os operadores argumentam que o governo deveria utilizar os dados da indústria para orientar suas decis?es, garantindo que as restri??es sejam aplicadas apenas quando houver evidências concretas de risco para os consumidores.
Investimentos em um cenário regulatório em mudan?a
A recente introdu??o do Decreto 41 imp?e requisitos financeiros adicionais aos operadores, complicando ainda mais as quest?es. As empresas s?o obrigadas a fazer investimentos significativos em taxas de licenciamento sem oportunidades correspondentes de crescimento por meio de marketing. Embora os operadores estabelecidos possam ter os recursos para lidar com esses custos, empresas menores ou novas podem ter dificuldades para competir sob esse fardo.
De forma positiva, os ajustes recentes nas regulamenta??es permitem que os operadores promovam mensagens de jogo responsável, marcando uma mudan?a para uma abordagem mais equilibrada. Isso pode sinalizar uma disposi??o do governo em permitir oportunidades limitadas de marketing, desde que se concentrem no jogo responsável.
Percep??es sobre a abordagem regulatória da Fran?a
Os desafios do mercado italiano refletem restri??es regulatórias semelhantes vistas em outros mercados europeus, como na Fran?a. Recentemente, a Fran?a optou por n?o regular os cassinos on-line devido a preocupa??es sobre impostos excessivos e restri??es operacionais que poderiam desestimular o jogo on-line legal. Essa decis?o reflete uma tendência mais ampla: quando as regulamenta??es e os impostos s?o percebidos como excessivamente restritivos, eles podem empurrar operadores e consumidores para mercados n?o regulamentados, o que acaba por derrotar o objetivo da regula??o. Operadores franceses, incapazes de expandir dentro de suas fronteiras, est?o cada vez mais buscando oportunidades no exterior.
Desafios e perspectivas futuras
A licita??o iminente parece ser projetada para favorecer os players estabelecidos, com requisitos rigorosos que podem desencorajar novos participantes. Barbara Beltrami expressou preocupa??es sobre a falta de flexibilidade regulatória para apoiar novas empresas e operadores puramente on-line, particularmente em rela??o à publicidade.
“Estamos como se estivéssemos andando em águas n?o muito claras, e isso nunca é bom para os negócios e para empresas que têm planos a longo prazo e querem ter sucesso”, disse Beltrami.
No entanto, tanto Beltrami quanto Tino reconheceram que, apesar das potenciais desvantagens, a nova estrutura pode consolidar a estabilidade e a qualidade da indústria de jogos da Itália.
